quarta-feira, 13 de agosto de 2014

As alterações que a dependência em games pode fazer ao nosso cérebro.

 


O fenômeno dos jogos eletrônicos é crescente na nossa cultura. O vídeo game passou de um brinquedo para os filhos, a um eletroeletrônico podendo ser usado por toda a família. Apesar de ainda haver certa resistência para a aceitação do adulto gamer, isso pode ser apenas uma questão de tempo. Pois as gerações que cresceram jogando vídeo games, vão futuramente formar famílias. Assim, a tendência é que o jogo seja cada vez mais algo comum. No entanto, isso pode trazer também um aumento de comportamentos negativos relacionados ao jogo.
Tendo isso em vista, os estudos científicos buscando conhecer melhor esse tipo de comportamento têm crescido significativamente. O comportamento de dependência tem recebido uma atenção especial. Na tentativa de entender, buscar causas e tratamentos, os cientistas podem também, compreender  outros comportamentos problemáticos. Exemplo disso é a baixa tolerância à frustração e dificuldade de relacionamento social. Que pode ocorrer em pessoas que não sejam necessariamente dependentes, mas que ocorre com grande frequência em quem é.
Ainda não existe uma unidade em relação ao diagnóstico de dependente de vídeo games, bem como internet. O que geralmente é utilizado para auxiliar nesse problema são componentes derivados da dependência química e dos jogos de azar. Assim, além das características já citadas, a alteração de fatores motivacionais e emocionais são possíveis fatores para caracterizar a dependência. A combinação desses fatores acaba por causar uma visão de mundo por vezes deturpada, para uma forma geral mais negativista, o que colabora para a fuga através dos jogos.
Com essa concepção, diversos cientistas estudam esses fenômenos através de exames de neuroimagem. Levando em consideração a plasticidade do cérebro e as possíveis alterações em diferentes regiões devido a ações repetitivas.  Assim, essa plasticidade não é exclusiva dos gamers, mas esses têm suas particularidades características. Pelo vídeo game ser uma mídia que necessita de uma rápida relação entre os estímulos apresentados e a resposta dada pelo jogador, além do alto número de componentes entre outros, ele também favorece certas áreas de maneira benéfica.
Segundo diversos estudos, as principais alterações são percebidas no lobo frontal, que entre suas funções é responsável pelo pensamento negativo, as distrações e as emoções.  Essa alteração pode ser responsável pelos comportamentos impulsivos e emoções que favoreçam a repetir a experiência do jogo. Em diversos artigos, essa é uma das áreas mais mencionadas. O que torna um resultado congruente. Outra característica significativa é o lobo parietal ser mais desenvolvido. Essa região é responsável pela atenção e integração de múltiplos sinais sensoriais.
Além disso, diversas alterações funcionais acontecem, um deles é a possível dessensibilização à violência. Importante salientar que isso não é um fator comum, mas uma possibilidade. Bem como problemas globais de atenção e desenvolvimento emocional, devido ao excesso de uma determinada ordem de estímulos, que são tidos como importantes para o jogador, outros podem ser desconsiderados.
Assim, enquanto se tem uma atenção super focada no jogo, é possível também ser distraído fora dele.  Da mesma forma como a sociabilização online, não garante a mesma fora da internet. O que ocorre de uma forma geral, é que essas alterações funcionais começam a tornar a cognição do jogador seletiva apenas para os jogos.
Logo o problema não está no jogo, ou em jogar, mas como é a relação que se tem com essa atividade. O diagnóstico em dependência de vídeo games ainda está se desenvolvendo, mas já é possível ver tendências de comportamentos em certos casos. Na melhor das hipóteses é sempre bom prestar atenção quando o jogar começa a atrapalhar os afazeres cotidianos. Ter uma vida muito restrita ao jogo pode ser um forte indicativo de dependência.

Referências:
 Lemos, I. L;  Diniz P. R. B;  Peres, J. F. P;  Sougey, E. B; Neuroimagem na dependência de jogos eletrônicos: uma revisão sistemática. J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro, V. 63, n. 1, 2014 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0047-20852014000100057&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

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