Como é a
relação entre o jogador e os personagens dos jogos? Através de uma revisão teórica com base no
Behaviorismo Radical, a compreensão dessa relação pode ficar mais clara. Para
essa linha da Psicologia, comportamento é toda relação de um organismo (no caso
o jogador) com o ambiente (tanto o virtual como o real), assim, tanto o ato de
jogar em si, como a identificação com o personagem do jogo, são comportamentos.
Essa identificação é possível, devido ao fato do jogo estar inserido em uma
determinada cultura.
Assim como
todo meio midiático, o jogo é influenciado pelos valores culturais vigentes,
isso permite que seja objeto de transferência da herança cultural. Os valores
morais e éticos mostrados no jogo são condizentes com os valores das sociedades
em que estão inseridos. Apesar de jogos polêmicos, como GTA e Bully serem alvo
de críticas, pelo conteúdo violento, por trás da trama existem valores como a
busca pela independência, coragem e sucesso financeiro.
Boa parte dos
jogos atuais se mantêm sobre esses 3 valores. Além de situações de
comportamento social, como cooperação e administração de tarefas. O jogo é um
meio para a pessoa realizar esse tipo de comportamento, e isso pode colaborar
positivamente para o desenvolvimento desses comportamentos na pessoa fora do
mundo dos jogos. O jogo pode servir como um tipo de ensaio sobre as relações
que a pessoa possui em seu meio social.
Além disso,
como forma mais direta de identificação, estão fatores estéticos e de
personalidade com os personagens e com o enredo. Essas características são as
que os jogadores costumam apontar como as principais reconhecidas. Por se
destacarem mais frente aos valores culturais implícitos.
O que
diferencia os jogos de outras mídias é sua capacidade de interação direta, a
pessoa pode testar suas crenças e atitudes dentro de um ambiente controlado.
Testando assim o que é adequado ou não em determinadas situações. Ao mesmo
tempo, a identificação é resultado de uma adição de aspectos do jogo, não de
uma visão do jogo em sua totalidade, ou seja, a pessoa se identifica com alguns
componentes do jogo, não com ele todo. O que resulta em uma noção de distinção
entre o jogo e o mundo real.
Por isso, como
dito antes, os comportamentos usados no jogo podem aumentar a chance da pessoa
fazer também no mundo real, principalmente se eles forem valorizados em seu
meio social e os que são sujeitos à punição tem menos chances de ocorrer.
Assim, é importante notar que aquele velho discurso dos jogos que estimulam a
violência pode ser nada mais que uma desculpa para justificar o incentivo
social dessa violência.
Como forma de
ensaio, o vídeo game dificilmente será o único fator responsável pela criação
de um novo comportamento. É preciso que ele seja valorizado socialmente quando
manifestado e possa ser considerado uma plataforma para testar as
possibilidades, para que assim favoreça, também, o desenvolvimento da
personalidade da pessoa.
Referências:
Monteiro, L; Identificação Jogador Personagem: Uma relação comportamental. XII SBGames, São Paulo, 2013. http://www.sbgames.org/sbgames2013/proceedings/cultura/Culture-3_short.pdf
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