quinta-feira, 24 de julho de 2014

Quem nunca quis ser criativo?



Ao longo das nossas vidas nos deparamos várias vezes com pessoas que consideramos incrivelmente criativas. Quem nunca teve aquele amigo artista e ficava se perguntando como ele poderia criar aquilo tudo? A criatividade é uma habilidade que desperta o interesse do homem desde que o mundo é mundo e graças a várias pesquisas psicológicas nessa área, hoje há um entendimento maior sobre esse intrigante processo e como podemos desenvolver nosso potencial criativo.

                Algo fundamental  no que tange a criatividade é o fato de ela ser uma habilidade que pode ser desenvolvida por todos. Então, não, não tem aquele papo de “ Eu não nasci com isso...” . Essa idéia da criatividade como um fator inerente ao homem está diretamente ligada às teorias iniciais sobre esse fenômeno.  Ao longo da história a criatividade já foi tida como dom divino, característica inerente aos gênios e fator desencadeador da loucura. É importante notar que apesar das mudanças, sempre se acreditou ser algo além da vontade humana, algo incontrolável e completamente intuitivo.

                Com o advento da Psicologia e os estudos nessa área, foi possível um melhor  entendimento da criatividade. Ela é entendida como uma habilidade que tem sim sua carga genética, como toda predisposição do comportamento. Mas, que acima de tudo, depende de um meio adequado para ser desenvolvida.  E essa habilidade não  é interessante apenas para artistas ou inventores como normalmente pensamos. Hoje se sabe que a criatividade é um processo importante a todos, afinal ela é a capacidade de dar soluções adequadas aos problemas do dia a dia. Os estudiosos também salientam que a criatividade está ligada a uma psique saudável, pois a pessoa tem um maior controle do mundo à sua volta, sendo capaz de resolver melhor os problemas e imprevistos que acontecem.

                No trabalho, a criatividade também é cada vez mais valorizada, pois é essencial para qualquer empresa, ter colaboradores que possam suprir a demandas imprevisíveis de um mercado  extremamente competitivo e efêmero. A capacidade de se reinventar para responder adequadamente a um problema que sai completamente da rotina de trabalho requer um potencial criativo.

                Quanto à vida acadêmica, a criatividade possibilita um desenvolvimento do saber que vai além da sala de aula. Através dela é possível promover um senso crítico próprio, tornando o aluno mais seletivo e consequentemente mais consciente daquilo que lhe é apresentado.

                Assim, a criatividade não implica apenas em idéias diferentes, mas numa adaptação ao meio em que se vive. Com o desenvolvimento da criatividade, uma série de outros fatores é trazida à nossa estrutura cognitiva. Tornamos nossos sistemas de crenças mais amplos e flexíveis, possibilitando novas experiências e mudanças. É próprio do individuo criativo ter idéias e atitudes ousadas, proporcionadas pela auto confiança naquilo que produz e um senso crítico próprio, tendo a capacidade de assimilar diversos pontos de vista para elaborar um singular.

                Muitas patologias e problemas comportamentais que proporcionam sofrimento e impossibilitam um desenvolvimento adequado, têm base em crenças cognitivas incoerentes e negativas sobre a capacidade do indivíduo, que funcionam como obstrutoras  das experiências de vida das pessoas. Sendo assim, o desenvolvimento da criatividade seria um fator ampliador de experiências, indo contra estruturas cognitivas inadaptativas.

Então a questão é: Como ser criativo? Como desenvolver a criatividade? Apesar de existirem diversas teorias sobre a criatividade, grande parte dos autores entram em consenso sobre certos aspectos de como ela pode ser  desenvolvida.
                Antes de mais nada, é importante saber que a criatividade se estrutura a partir de experiências, ou seja, tentativas  de solucionar um problema.  Então é fundamental colocar as idéias em prática, por mais absurdas que possam parecer. A criatividade não é um processo linear,  então, a soma de estímulos distintos pode resultar em um produto completamente diferente.


                 O Processo criativo é contínuo,  precisa ser constantemente exercitado, então não adianta tentar um pouco e depois por achar que não surtiu resultados, voltar à velha rotina. Pessoas criativas sabem disso e por isso mesmo tendem a continuar produzindo e vivenciando coisas novas e diferentes. Mesmo quanto há períodos onde parece haver uma baixa performance da criatividade, ela continua trabalhando, isso acontece quando há a incubação de uma ideia, ou seja, o processo criativo se dá inconscientemente. É devido a incubação que surge o " Eureka!" ou as grandes idéias que nos vem subitamente.
                Para a criatividade não existe certo ou errado, todas as respostas podem ser utilizadas, mesmo que de forma indireta, elas ajudam a construir a ideia final. Procure ter experiências diferentes. Quanto mais bagagem você tive e quanto mais diferentes forem, melhor sua capacidade de criar resoluções para um problema.

                Imagine possibilidades que fogem do consenso. Para ser criativo é necessário coragem, pois a pessoa tem que sair de sua zona de conforto e enfrentar idéias e concepções das quais discorda.  É importante pensar e repensar uma questão, a fim de sair da sua estrutura de valores e crenças.

                Essas são diretrizes básicas para começar a desenvolver a criatividade, ter um ambiente que possibilite isso é importante, mas nem sempre é possível. Portanto, é importante que a pessoa tenha consciência dessa perspectiva e como ela pode melhor utilizar aquilo que tem em mãos. Tentar e não ter medo de errar, romper com o rotineiro e expor aquilo que pensa, são o que à grosso modo fundamentam os comportamentos e idéias criativas.

Referências:

OLIVEIRA,  Maria Zélia F.; Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo. Estudos de Psicologia, Campinas nº 27, p. 83-92, 2010.
ALENCAR, Eunice, M.L., FLEITH, Denise, S.; Contribuições teóricas recentes ao estudo da criatividade. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Vol. 19, nº1, p. 01-08, 2002.
WECHSLER, SOLANGE, M. Criatividade: Descobrindo e Encorajando. São Paulo: LAMP/PUC-CAMPINAS, 2008.

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